Portugal Capital Markets Day 2025: Estudo da CATÓLICA-LISBON reforça Portugal como destino competitivo de investimento internacional

CATÓLICA-LISBON
Sexta, Novembro 14, 2025 - 12:00

A segunda edição do Portugal Capital Markets Day 2025, organizada pela Euronext Lisbon e pela AEM – Associação de Empresas Emitentes, reuniu esta quarta-feira, 12 de novembro, na Culturgest, líderes empresariais, investidores internacionais e decisores políticos para debater o posicionamento de Portugal na economia global e o papel do mercado de capitais no financiamento das empresas portuguesas.

Um dos momentos centrais do encontro foi a apresentação do estudo “Portugal as a Prime Investment Destination: Infrastructure & Innovation at the Core”, desenvolvido pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da CATÓLICA-LISBON e apresentado e assinado por Filipe Santos, Dean da CATÓLICA-LISBON, em coautoria com os professores Rute Xavier e Pedro Fernandes. O relatório procura reforçar o posicionamento de Portugal no radar internacional dos investidores, evidenciando a transformação estrutural da economia portuguesa, o contributo do mercado de capitais e a relevância da inovação e das infraestruturas como fatores determinantes de competitividade.

Na sua presentação, Filipe Santos afirmou que Portugal reúne atualmente condições para se afirmar como “um dos campeões da economia europeia: competitivo, industrializado, sustentável e digital”. Segundo o Dean, “o país dispõe de um conjunto de vantagens estratégicas que podem sustentar um crescimento económico consistente, desde que assente no reforço do talento, no aumento da produtividade e no investimento produtivo”.

A sessão contou também com a presença do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, que, no discurso de abertura, dirigiu uma mensagem de confiança à comunidade internacional de investidores. Luís Montenegro destacou que Portugal tem crescido de forma persistente acima da média da Zona Euro e da União Europeia, beneficiando de um contexto de “praticamente pleno emprego” e de uma redução “absolutamente notável” da dívida pública, que deverá descer de 134% do PIB em 2020 para menos de 88% em 2026. Sublinhou igualmente o forte avanço da transição energética, lembrando que “70% da eletricidade consumida em Portugal já provém de fontes renováveis, o que, aliado a um dos custos industriais de energia mais baixos da União Europeia, torna o país especialmente atrativo para novos investimentos”. Para o Primeiro-Ministro, a estabilidade política e o novo regime fiscal aplicável a jovens até aos 35 anos reforçam ainda mais o ambiente favorável ao investimento e consolidam o posicionamento do país “entre os vencedores do novo ciclo europeu”.

Conclusões do estudo da CATÓLICA-LISBON

Segundo a análise apresentada pelo Professor Filipe Santos, entre 2022 e 2025 o Produto Interno Bruto português cresceu 12,2%, quase duplicando a média da Zona Euro no mesmo período, que se situou nos 6,4%. Este desempenho assenta, de acordo com o estudo, em três motores estruturais: o reforço do capital humano, a modernização das infraestruturas e a consolidação de um ecossistema de inovação robusto e competitivo. O Dean da CATÓLICA-LISBON destacou ainda a rápida redução da dívida pública e privada, a estabilização da balança externa e a manutenção de uma política fiscal contracíclica que coloca Portugal num grupo muito restrito de países europeus com excedente orçamental.

O relatório evidencia também o impacto favorável da dinâmica demográfica. Desde 2019, o saldo migratório positivo tem acrescentado anualmente cerca de cem mil residentes à população, muitos dos quais se integram rapidamente no mercado de trabalho. Este movimento permitiu que, em cinco anos, a população ativa aumentasse seis por cento, o emprego alcançasse 5,3 milhões de pessoas e o desemprego se fixasse em 5,8%, o valor mais baixo das últimas décadas. Estes indicadores reforçam o rendimento disponível, a sustentabilidade das contas públicas e o crescimento da economia.

No que respeita à competitividade estrutural, o estudo sublinha que Portugal beneficia de uma combinação energética favorável, assente em fontes renováveis hidroelétricas, eólicas e solares, com custos de eletricidade inferiores à média europeia para clientes industriais. A modernização das infraestruturas de telecomunicações, com cobertura integral de rede 5G e penetração de fibra ótica superior a 90%, associada à localização geoestratégica do país, faz de Sines um hub tecnológico e industrial de relevo internacional, apoiado por cabos submarinos que lhe asseguram ligações privilegiadas à Europa, às Américas e a África.

O relatório destaca ainda a evolução do setor dos recursos naturais, salientando a modernização da produtividade agrícola e florestal impulsionada por projetos estruturantes como o Alqueva, bem como o desempenho de setores emblemáticos como a pasta de papel, a cortiça, o azeite e o vinho. Refere também que Portugal detém as maiores reservas de lítio da Europa, um recurso determinante para a transição energética, e confirma a resiliência do sistema financeiro, cujos rácios de capital superiores a vinte por cento garantem liquidez e estabilidade ao mercado nacional.

A inovação é apresentada como o novo vetor distintivo da economia portuguesa. Além dos polos inovadores já consolidados das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, cidades como Coimbra, Évora, Braga e Aveiro afirmam-se como centros de desenvolvimento tecnológico com forte ligação ao sistema científico e empresarial. Exemplos como a Critical Software e a Feedzai ilustram a capacidade do país para gerar tecnologia avançada nas áreas da inteligência artificial, da cibersegurança e do software especializado. De acordo com o estudo, o impacto do investimento em conhecimento é mensurável: cada milhão de euros aplicado em investigação e desenvolvimento cria, em média, oito empregos qualificados, diretos e indiretos.

O relatório conclui identificando quatro áreas estratégicas com elevado potencial de crescimento: a saúde e a indústria farmacêutica e biotecnológica, que já ultrapassam os cinco mil milhões de euros em exportações anuais; os centros de competência de multinacionais Europeias que têm sido um motor de crescimento da economia; a economia digital e a infraestrutura de cloud e data centers para os quais Portugal apresenta vantagens únicas no panorama mundial; e, por fim, o setor da defesa e dos drones onde o forte setor da metalomecânica nacional e os clusters de excelência em aeronáutica e drones podem desempenhar um importante papel. O Hub de Sines surge como símbolo desta visão para o futuro, ao integrar projetos em data centers, baterias fotovoltaicas e hidrogénio verde que poderão totalizar mais de quinze mil milhões de euros em investimento nos próximos anos.

O estudo está disponível para ler na íntegra aqui.