Longevidade: uma oportunidade para o trabalho intergeracional

CATÓLICA-LISBON
Sexta, Outubro 31, 2025 - 11:00

Como transformar a diversidade etária em energia e inovação nas organizações.

A longevidade é uma das transformações mais profundas do nosso tempo. Viver mais tempo e com melhor saúde coincide com um fenómeno inverso: a acentuada queda da fertilidade e das taxas de natalidade. Há cada vez menos jovens a entrar no mercado de trabalho e o peso relativo das gerações mais velhas está a aumentar rapidamente. Pela primeira vez na história, quatro ou cinco gerações coexistem nas mesmas organizações — cada uma com valores, ritmos e expectativas diferentes. Esta nova realidade é um desafio evidente, mas também uma fonte extraordinária de inovação, se soubermos transformá-la em energia.

Foi com essa ambição que nasceu o AGEnergy – Intergenerational Innovation at Work, posicionando a Católica Lisbon School of Business and Economics e a Universidade Católica Portuguesa como plataformas de referência no diálogo e na investigação sobre longevidade e relações intergeracionais no trabalho.

O grupo AGEnergy reúne nove empresas líderes em Portugal — Brisa, CUF, Fidelidade, Galp, Grupo José de Mello, Santander, Servier, Trivalor e VdA — comprometidas em explorar como a diversidade etária pode impulsionar a inovação, a sustentabilidade e o bem-estar organizacional. O objetivo é partilhar desafios, experiências e boas práticas, bem como discutir exemplos provenientes de diferentes setores de atividade.

A longevidade obriga-nos a repensar a forma como trabalhamos. As carreiras deixam de ser lineares e as transições profissionais tornam-se mais frequentes. O talento sénior ganha nova relevância, enquanto as gerações mais jovens trazem competências digitais e uma visão de propósito que contagia. O desafio para as empresas está em articular estas forças: combinar experiência e energia, estabilidade e curiosidade, tradição e disrupção.

É neste contexto que o programa Longevity Leadership, da Católica Lisbon, tem procurado capacitar líderes e decisores para compreenderem as implicações estratégicas da longevidade nos mercados e nas políticas de talento. Liderar na era da longevidade exige novas competências — empatia geracional, aprendizagem contínua e a capacidade de criar culturas inclusivas onde a idade não define o contributo, mas amplia o seu valor.

As organizações que transformarem a idade em energia — AGEnergy — serão as que mais rapidamente inovarão. A verdadeira inovação não nasce apenas da tecnologia, mas da capacidade de unir diferentes perspetivas em torno de um propósito comum. O futuro do trabalho será, inevitavelmente, intergeracional. E as empresas que o compreenderem primeiro estarão mais preparadas para crescer de forma sustentável, humana e inteligente.

Céline Abecassis-Moedas, Professora na CATÓLICA-LISBON