O tema da saúde mental tem ganho crescente destaque na opinião pública nos últimos anos, tornando-se cada vez mais premente que seja encarado como uma preocupação de todos. Um estudo recente revelou que quase 23% dos estudantes de seis universidades portuguesas apresentam sinais de doença mental, evidenciando a gravidade do problema e a necessidade de tomar medidas concretas.
Para abordar este tema, a CATÓLICA-LISBON assinalou o Dia Mundial da Saúde Mental, a 10 de outubro, com uma talk no átrio do 1.º piso com Ana Cabrita, estudante de Doutoramento em Psicologia Social na Universidade de Coimbra, com experiência em Recursos Humanos e gestão de carreiras.
Aprender a desconectar para se reconectar foi a principal mensagem deixada pela especialista, numa conversa enriquecedora que pretendia trazer à discussão não só as questões centrais da saúde mental, como o burnout, mas também estratégias concretas para melhorar a nossa resiliência e saúde mental.
Empresas perdem 1 trilião de euros devido a doenças como depressão e ansiedade
Um dos primeiros temas abordados foi o estigma persistente em torno da saúde mental em ambiente de trabalho.
“Se as emoções negativas são comuns no ambiente de trabalho e estão relacionadas à saúde mental, porque ainda existe tanto estigma sobre falar de saúde mental no local de trabalho?”, refere a especialista.
Em 2019, 15% da população ativa foi diagnosticada com doenças mentais, uma situação que acarreta um custo significativo para as empresas, resultando em perdas anuais de 1 trilião de euros devido a doenças como a depressão e a ansiedade.
O ambiente laboral pode ser uma fonte considerável de stress, sendo que 76% dos trabalhadores já experienciaram burnout ao longo das suas carreiras, de acordo com dados da Gallup. O burnout vai além do cansaço comum, tratando-se de um esgotamento físico e emocional que compromete a capacidade de uma pessoa realizar as suas tarefas diárias e causa consequências físicas e emocionais, como insónias e alterações nos hábitos alimentares.
“As causas de burnout são diversas: excesso de trabalho, falta de flexibilidade, microgestão, ambientes de trabalho tóxicos e falta de apoio são algumas das principais", explica.
Que hábitos podemos adotar para cultivar uma mente mais saudável?
Para mitigar estes problemas, foram partilhadas várias estratégias que podem ser implementadas tanto no ambiente de trabalho como a nível individual.
Promover segurança, espaço, objetivos, autonomia e apoio foram identificados como os cinco pilares essenciais para fomentar a saúde mental nas empresas. Entre as estratégias destacaram-se a criação de um ambiente seguro para o diálogo entre equipas, o respeito pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a valorização dos limites de cada colaborador e o incentivo a pausas ativas.
“É importante respeitar os limites das pessoas, tanto no plano pessoal como profissional. Incentivar pausas ativas, onde os colaboradores possam relaxar, e dar-lhes autonomia para tomar decisões no seu trabalho também são fundamentais. Além disso, ensinar as pessoas a estabelecer e verbalizar os seus limites pode ajudar a prevenir burnout".
A nível individual, foi destacada a importância do planeamento, tanto na vida profissional como pessoal. Celebrar pequenas vitórias e começar o dia com tarefas simples, ganhando motivação para enfrentar as mais complexas, são estratégias fundamentais. A prática regular de exercício físico, que contribui para melhorar o humor e a produtividade, assim como a gestão eficaz do tempo e o uso de listas de tarefas, são conselhos práticos para organizar o dia a dia. Aprender a dizer 'não' de forma assertiva, como forma de equilibrar a vida pessoal e profissional, expressar necessidades, assumir erros e iniciar conversas sobre emoções no trabalho, foram outras orientações valiosas para promover o bem-estar individual.
No final, ficou claro para todos que é essencial adotarmos estes pequenos hábitos que nos permitem desconectar do trabalho e reconectar com as pessoas e outras áreas das nossas vidas. Só assim conseguimos preservar a nossa saúde mental de forma eficaz.