O diretor da Católica Lisbon SBE critica a falta de criatividade nos programas partidários e sugere o agravamento do IMI nos imóveis de luxo. Em entrevista à Renascença, Filipe Santos defende o combate aos lobys e corporativismo e lamenta a ausência de temas fundamentais na campanha eleitoral, como a situação internacional. Alerta ainda que estamos a entrar numa nova ordem mundial e critica a reação lenta dos norte-americanos ao "assalto ao poder" no país, que com Donald Trump caminha para uma autocracia.
A uma semana das legislativas, o Dean da Católica Lisbon School of Business & Economics analisa na Renascença os programas eleitorais apresentados pelos partidos com assento parlamentar. Todos têm negativa em criatividade e alguns nem sequer são considerados exequíveis ou coerentes, na extrema-direita por excesso de promessas, na extrema-esquerda por demasiadas medidas ideológicas, que já se provou que não teriam o impacto desejado.
Para Filipe Santos, os programas mais equilibrados estão ao centro, mas identifica mais medidas positivas nas propostas da AD e da Iniciativa Liberal. Dá como exemplo o alívio fiscal, que deve favorecer os rendimentos do trabalho. Defende ainda menos impostos para as famílias com filhos, como incentivo à natalidade.
Ainda no plano fiscal, sugere a subida do IMI para os proprietários com imóveis de luxo, para financiar casas acessíveis. Uma forma criativa de combater a crise na habitação.
O diretor da Católica Lisbon SBE lamenta também a ausência do Ensino Superior, de uma forma geral, dos programas eleitorais. Defende que seja dada mais autonomia às universidades para se financiarem e pede mais investimento em ciência.
Nesta entrevista ao programa da Renascença Dúvidas Públicas, Filipe Santos lamenta ainda que temas fundamentais, como a situação internacional, não entrem no debate eleitoral, que se prende demasiado a casos e casinhos, como a empresa familiar de Luís Montenegro, que já não considera que seja um assunto para discussão.
Por outro lado, defende que seja dada mais atenção ao combate aos lobbys e ao excesso de corporativismo, questões que sobressaem em alguns setores.
O diretor da Católica SBE explica que o rearmamento da Europa, que está em discussão, não significa aumentar a despesa para comprar armas fora da União Europeia, mas investir em produção nacional, com impacto no crescimento.
No plano internacional, diz que estamos a assistir a um assalto ao poder nos Estados Unidos, que caminha para uma autocracia. Compara a presidência de Donald Trump com a eleição de Hitler na Alemanha e critica a reção lenta dos norte-americanos.
Para Filipe Santos, estamos perante uma nova ordem global, dominada por grandes blocos, e a União Europeia já está a reagir a este reposicionamento geoestratégico.
Filipe Santos, diretor da Católica Lisbon SBE, em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, que pode ouvir na Renascença aos sábados, a partir do meio dia, ou em qualquer altura no site ou em podcast.