O especialista, keynote speaker da conferência Seguros Summit 2025, evento do Jornal Económico e que decorre esta terça-feira em Lisboa, apresentou os principais desafios para o setor segurador.

Num tempo em que a incerteza se tornou estrutural, os seguros assumem um papel central: proteger, prever e adaptar. Paulo Bracons, Executive Education Program Director da Católica Lisbon, Economista e Consultor de Seguros e Fundos de Pensões, foi o keynote speaker do “Seguros Summit 2025”, um evento do Jornal Económico, que reúne líderes, reguladores e especialistas para discutir o futuro do sector segurador português e que está a decorrer ao longo desta manhã no Altis Belém. Este especialista apresentou o tema: Cinco desafios (mais um) para o Sector Segurador.

Em termos de “Demografia e Saúde”, o contexto é difícil. Em 2050, um terço dos portugueses terá mais de 65 anos e a esperança média de vida nessa idade será superior a 85 anos (mais elevada nas mulheres). Mas, apenas pouco mais de 65 anos com vida saudável. Portugal é dos países mais envelhecidos da Europa. “A esperança de vida saudável tenderá a estagnar, e isso coloca uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde”, diz Paulo Bracons.

Segundo este especialista, o setor segurador tem falado muito sobre longevidade, mas ainda fez pouco. Uma possível solução, que já começa a estar na estratégia de algumas seguradoras, é a maior presença destas na verticalização da cadeia de valor em saúde. Nesse sentido, os “Desafios da Tecnologia” têm um contexto muito específico: velocidade da inovação, gestão de dados e ética, explosão de dados pessoais, de saúde e de comportamento; cibersegurança, integração de legacy systems, talento e cultura digital, alterações comportamentais dos consumidores; ausência de uma abordagem tecnológica estruturada (uma estratégia simples).

Já os desafios do “Clima em Mudança” têm um contexto muito preciso – aumento dos fenómenos extremos; incêndios, secas, cheias urbanas e risco climático crescente; danos em frequência e severidade; baixa penetração dos seguros de catástrofe natural fora das LoB Automóvel e multirriscos habitação; O seguro ainda é visto como “proteção pós-evento” e são reduzidos ainda os mecanismos de prevenção; capitais seguros desajustados.

Sobre os desafios dos “Novos Comportamentos”, em que todos somos diferentes têm um contexto particular. O consumidor português é digital, mas ainda compra seguros de forma analógica e a tecnologia está a moldar os nossos comportamentos, passando de comportamentos de posse para comportamentos de partilha, o que gera alterações nos hábitos de vida. O ESG já deixou de ser uma “moda” para passar a ser algo com resultados no P&L (nas contas de resultados) e os clientes esperam simplicidade e omnicanalidade, mas ainda valorizam fortemente o mediador, em particular em não vida;

Já os desafios da “Literacia Financeira” têm um contexto muito claro. Menos de 40% dos portugueses têm uma noção clara do funcionamento dos seguros. Por outro lado, os “Desafios da Regulação” estão num contexto de transição. Portugal tem uma regulação / supervisão de seguros independente, exemplar, sólida, mas ainda muito orientada pelo cumprimento rigoroso dos normativos.

A carga de reporte e os custos do cumprimento regulatório ainda são considerados elevados. A comunicação e literacia regulatória junto dos intermediários e consumidores precisa ser melhorada. “Os seguros devem ser o alicerce invisível que permite à sociedade avançar mesmo quando o chão treme”, conclui Paulo Bracons.

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Article Autor: António Sarmento | Jornal Económico