O Relatório de Desenvolvimento Sustentável de 2024, publicado em junho de 2025, revela uma realidade preocupante: apenas 16,7% das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão a caminho de serem alcançadas até 2030. A grande maioria está a progredir muito lentamente ou a regredir. Nenhuma meta está atualmente a caminho de ser totalmente alcançada em escala global.
Desafios como a fome, as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e a fragilidade institucional continuam a ser generalizados e urgentes. Especificamente, o ODS 2 — Fome Zero, o ODS 13 — Ação Climática, o ODS 14 — Vida Submarina, o ODS 15 — Vida Terrestre e o ODS 16 — Paz, Justiça e Instituições Fortes estão consistentemente entre os objetivos mais atrasados em todo o mundo. Portugal reflete esta tendência global em áreas-chave, apesar dos sinais de progresso nacional.
No Índice Global dos ODS de 2024, Portugal ocupa a 20.ª posição entre 167 países, com uma pontuação de 80,64. Isto representa uma melhoria modesta em relação ao ano anterior, embora o país tenha descido duas posições no ranking. Isto significa que, embora tenhamos ganho em termos absolutos, outros países progrediram mais rapidamente, tornando claro que o desempenho relativo depende não só do avanço interno, mas também da forma como acompanhamos o ritmo global.
No entanto, ainda há motivos para otimismo. Portugal é reconhecido por ter alcançado essencialmente o ODS 7 — Energia Acessível e Limpa, e mostra progressos sólidos no ODS 1 — Sem Pobreza, ODS 3 — Boa Saúde e Bem-Estar, ODS 5 — Igualdade de Género, ODS 8 — Trabalho Digno e Crescimento Económico e ODS 11 — Cidades Sustentáveis. Estes refletem resultados positivos de políticas públicas de longo prazo, envolvimento cívico e crescente sensibilização.
Mas ainda enfrentamos lacunas significativas. Portugal apresenta um desempenho abaixo do esperado em alguns dos Objetivos mais urgentes e complexos. Estes incluem a segurança alimentar, a produção e o consumo sustentáveis, a mitigação das alterações climáticas, a biodiversidade marinha e terrestre e a eficácia institucional. Estes desafios estão profundamente interligados e a sua resolução requer um pensamento sistémico, esforços coordenados e um compromisso a longo prazo.
É aqui que a cooperação público-privada se torna não apenas benéfica, mas essencial. Os governos, por si só, não conseguem cumprir os ODS. A regulamentação, o alinhamento de políticas e o investimento público precisam ser acompanhados pela inovação, agilidade e capital do setor privado. Quando os dois setores colaboram com um objetivo comum, podem gerar soluções escaláveis e duradouras, especialmente em áreas que exigem transformação estrutural.
Na CRBL, já estamos a contribuir para um dos objetivos em que Portugal está claramente atrasado: o ODS 14 – Vida Submarina, em parceria com o Fórum Oceano, para promover este objetivo no país. Este tipo de colaboração ilustra o que a agenda dos ODS exige: responsabilidade partilhada, forças complementares e impacto mensurável.
A posição atual de Portugal no Índice ODS é um sinal de que estamos no caminho certo em algumas áreas, mas não estamos a avançar com rapidez suficiente onde é mais importante. À medida que o prazo de 2030 se aproxima, temos de acelerar os nossos esforços, especialmente nas áreas em que estamos mais atrasados. O roteiro é claro. A capacidade existe. Agora temos de agir: juntos.
Tenham uma semana excelente e impactante!
Natália Cantarino
Gestora de operações e Investigadora
Center for Responsible Business & Leadership