Mais de uma centena de representantes do setor segurador reuniram-se na CATÓLICA-LISBON, no passado dia 14 de outubro, na conferência “A Inovação e a Transformação nas Seguradoras em Portugal: Visão dos Stakeholders do Setor”, para debater o papel da inovação e da Inteligência Artificial na transformação das seguradoras em Portugal.
A iniciativa, que reuniu associações, entidades de supervisão, empresas tecnológicas e membros da academia, assinalou a segunda edição do evento, integrado no âmbito do programa executivo “Inovação e Transformação em Seguros”, uma aposta estratégica da CATÓLICA-LISBON.
Na sessão de abertura, o Dean da escola de negócios, Filipe Santos, sublinhou a relevância do setor segurador para a economia nacional, destacando que “representa cerca de 5% do PIB português e desempenha um papel central na promoção do bem-estar social, na redução do risco e na proteção das pessoas e empresas”.
Filipe Santos acrescentou ainda que “a área dos seguros está profundamente alinhada com impacto. Tudo o que as seguradoras fazem tem como propósito reduzir riscos, aumentar o bem-estar e garantir acesso a serviços essenciais, como a saúde ou a segurança. Sempre que o setor atua de forma mais eficaz, está a melhorar diretamente a vida das pessoas. Além disso, os seguros têm uma dimensão económica incontornável, com cerca de 60 mil milhões de euros em ativos sob gestão, que constituem um verdadeiro motor de investimento e desenvolvimento”.
Com o objetivo de reforçar o diálogo entre a academia e o mercado sobre o impacto das novas tecnologias, da inovação e da regulação na competitividade do setor, realizou-se uma mesa-redonda com a participação de José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), Nuno Martins, presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros (APROSE), João Freire de Andrade, presidente da Portugal Fintech, e Miriam Nicolau da Costa, presidente do Fórum Insurtech Fintech Portugal (FIF). A moderação ficou a cargo de Paulo Bracons, da CATÓLICA-LISBON, e Nuno Albuquerque e Castro, Partner & Head of Insurance da NTT DATA Portugal.
No decorrer do debate destacou-se a necessidade de inovar de forma responsável e de integrar a Inteligência Artificial como um instrumento de apoio. Para José Galamba de Oliveira (APS), “o sucesso de uma seguradora está na capacidade de inovar. Inovar é a palavra-chave”. O presidente da APS sublinhou o papel das novas tecnologias na antecipação e gestão dos riscos climáticos, apontando o exemplo das inundações e incêndios: “as alterações climáticas estão a obrigar o setor a repensar as apólices e os modelos de avaliação do risco. A tecnologia e a IA ajudam a mapear e antecipar zonas de maior vulnerabilidade, tornando o mercado mais preparado e resiliente”.
Também Nuno Martins (APROSE) destacou a importância da formação e profissionalização dos mediadores, enquanto elo essencial entre as seguradoras e os clientes. “Temos a responsabilidade de traduzir as necessidades das pessoas em soluções adequadas, garantindo que compreendem o risco e as formas de o ultrapassar. Ao mesmo tempo, devemos ser exigentes com as seguradoras, pedindo-lhes respostas ajustadas às realidades do quotidiano”, defendeu o presidente da APROSE.
Por sua vez, João Freire de Andrade (Portugal Fintech) abordou a integração tecnológica e destacou a resistência na colaboração entre entidades como motores de transformação do setor. “A transformação digital das seguradoras depende da capacidade de colaboração entre empresas, reguladores e agentes tecnológicos. A inovação surge quando existe comunicação aberta e partilha de modelos de atuação”, referiu.
Encerrando o debate, Miriam Nicolau da Costa (Fórum Insurtech Fintech Portugal) reforçou o papel da Inteligência Artificial como “copiloto” na operação das seguradoras. Defendeu ainda que a IA pode aumentar a produtividade ao “acelerar os processos de avaliação de sinistros” e contribuir para uma perceção de maior qualidade por parte dos consumidores.
O painel foi complementado por uma intervenção de Gabriel Bernardino, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), que partilhou a sua visão sobre os desafios regulatórios e as oportunidades da digitalização no setor. A sessão incluiu também a apresentação “Como pode a IA ajudar o setor segurador – casos práticos”, conduzida por Nuno Costal, Strategic Value Principal Director da NTT DATA Portugal, que demonstrou aplicações concretas de Inteligência Artificial em áreas como a avaliação de risco, a personalização de produtos e a otimização de processos operacionais, evidenciando o potencial destas tecnologias para aumentar a eficiência e a competitividade das seguradoras.