No setor imobiliário, os ventos da mudança sopram mais fortes do que nunca. Certificações de sustentabilidade deixaram de ser um mero atributo desejável e tornaram-se um fator essencial de valor para investidores e inquilinos. A evidência é clara: edifícios sustentáveis alcançam avaliações mais altas, geram maior interesse e oferecem retornos mais sólidos. Os dados globais da Savills reforçam esta realidade.

Estamos num momento decisivo. As próximas Diretivas da União Europeia para 2030 vão impor normas rigorosas de sustentabilidade, acelerando a transformação do setor. O tempo é curto e a ação é urgente: é agora que se deve posicionar ativos e estratégias para um futuro regulatório baseado em responsabilidade e transparência. Quem hesitar arrisca perder competitividade.

A boa notícia é que o investimento em sustentabilidade já apresenta resultados consistentes. Além de retornos confiáveis, transmite aos investidores a segurança de que os seus ativos estão preparados para o futuro. Para aproveitar este impulso, é crucial educar o mercado e sensibilizar não apenas sobre projetos de destaque prontos para transação, mas em todos os segmentos imobiliários, sejam diretamente transacionáveis ou não.

Na Savills, impulsionamos esta evolução com soluções transnacionais. A nossa rede global garante que as melhores práticas aplicadas numa região possam ser replicadas noutras, mantendo-nos na vanguarda da inovação ESG. Através de estratégias integradas e partilha ativa de conhecimento, as nossas equipas em Portugal e no estrangeiro combinam experiência e know-how, garantindo que cada projeto beneficie das abordagens mais avançadas em sustentabilidade.

A credibilidade é a base do nosso trabalho. Desde 2017, operamos dentro de um rigoroso quadro global de sustentabilidade, medindo descarbonização, consumo de energia e impacto ESG com precisão científica. Os resultados são claros: hoje, as nossas operações em Portugal representam apenas 80 toneladas de CO₂ nas emissões dos Escopos 1 e 2. Até 2028, toda a nossa frota será totalmente elétrica, e todos os edifícios já funcionam com energia verde certificada a 100%. A nossa política global de sustentabilidade, centrada em clima, cultura e comunidade, é revista regularmente para assegurar os mais altos padrões de governação.

Mas o imobiliário não é apenas sobre edifícios: é, acima de tudo, sobre pessoas. Passamos mais de 90% das nossas vidas em ambientes interiores, tornando a sustentabilidade social tão relevante quanto a ambiental. Em Portugal, a iniciativa Empowering Lab reflete esta visão. Focada no bem-estar, promove medidas que fortalecem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, o espírito de equipa e o envolvimento comunitário, incluindo horários flexíveis, trabalho remoto, voluntariado e escuta ativa dos colaboradores, permitindo a co-criação de soluções alinhadas com os princípios ESG que defendemos para os nossos clientes.

Paralelamente, investimos em materiais biofílicos, sistemas de separação e gestão de resíduos e projetos de eficiência energética, como a conversão de frotas e instalação de painéis solares. Cada iniciativa contribui para reduzir o impacto ambiental, criando ambientes mais saudáveis e inspiradores.

Este compromisso torna-se ainda mais urgente no contexto europeu. As Diretivas de 2030 não são uma possibilidade distante: estão já em curso. O setor da construção continua a ser um dos maiores emissores e consumidores de energia, com a maioria dos edifícios a operar de forma ineficiente. Neste contexto, é essencial educar proativamente clientes, reguladores e sociedade. Investidores estão cada vez mais afastando-se de imóveis sem certificação energética — uma tendência que só tende a crescer.

Por isso, ao aconselhar clientes, tratamos o ESG não como um acessório, mas como um pilar estratégico central em todas as áreas do negócio. O objetivo é claro: maximizar o valor dos ativos, especialmente num mercado internacional cada vez mais exigente em métricas de sustentabilidade mensuráveis. Certificações como BREEAM, LEED, WELL, WiredScore e SmartScore são ferramentas valiosas, mas o mais importante é como o ESG transforma o design, operações, adaptabilidade dos edifícios e, em última instância, a experiência do utilizador.

O caminho à frente é claro. A sustentabilidade no imobiliário não deve ser vista como custo, mas como investimento em valor, resiliência e impacto social. Trata-se de alinhar objetivos financeiros com a necessidade urgente de proteger o planeta, proporcionando às pessoas espaços que promovam bem-estar. Na Savills Portugal, este é o ethos que orienta o nosso trabalho: raiz na credibilidade, apoiado numa rede global de conhecimento e focado em enriquecer vidas.

Desejo uma semana excelente e com impacto,

Paula Sequeira, Diretora de Consultoria & Avaliação Savills Portugal