No passado dia 9 de outubro, a CATÓLICA-LISBON foi palco de um encontro emblemático que teve como plano de fundo a interseção entre a Inteligência Artificial (IA) e a gestão de poupanças.
O evento, organizado pela Euronext e pela APFIPP, contou com a parceria da CATÓLICA-LISBON. Esta conferência visou aclarar as inúmeras questões emergentes acerca das potencialidades, mas também dos desafios, da incorporação da IA na gestão financeira.
A IA tem sido reconhecida pelo seu potencial em agilizar processos e melhorar decisões, especialmente em campos onde a análise rápida de dados é crucial. No entanto, é também uma área que tem levantado algumas opiniões controversas e dúvidas quanto à sua eficácia e segurança.
O evento contou com a participação de diversos especialistas, como Filipe Santos, Dean da CATÓLICA-LISBON; Raquel Bilro da Microsoft; David Cruz e Silva da EUVC e Isomer Capital; Jorge Ferreira da IM Gestão de Ativos; João César das Neves, Economista e Professor Catedrático, e Hugo Rolim, aluno do Mestrado em Finanças na CATÓLICA-LISBON. O debate, centrado na "Inteligência artificial na gestão da poupança: oportunidades e riscos", foi moderado por Shrikesh Laxmidas, diretor-adjunto do ECO.
Filipe Santos abriu o debate destacando a relevância do investimento como pilar para moldar o futuro. Afirmou que, ao criar empregos, estimular a inovação, tecnologia e formação, potenciamos a nossa competitividade económica. Neste contexto, a adequada gestão da poupança assume uma relevância indiscutível, sendo o principal canal para o investimento. Esta reflexão desvelou uma inquietação mais abrangente sobre a propensão conservadora dos portugueses relativamente às suas poupanças, levando o Dean da CATÓLICA-LISBON a enfatizar a necessidade de abordar mais detidamente a gestão de poupança e como a IA poderia, efetivamente, automatizar processos e trazer inteligência a esta gestão.
João César das Neves, por sua vez, trouxe ao debate uma perspetiva mais humanista e ponderada. Reforçou que a IA deve ser vista como uma ferramenta auxiliar, e não como um substituto do ser humano. O professor catedrático alertou para os riscos da criação de desigualdades sociais, especialmente em áreas sensíveis como a concessão de créditos, “nos casos de concessão de créditos, é difícil avaliar as razões que levam as pessoas a serem bons pagadores ou não, e isso traz muitos impactos nos cidadãos pela discriminação que sentem”.
Já Hugo Rolim, demonstrou uma perspetiva fresca e contemporânea. Garantiu que a chave para a bem-sucedida integração da IA reside “na adaptação e na abertura para aprender”. De acordo com o aluno do Mestrado em Finanças, esta adaptação é feita em duas frentes – na educação/formação e na vertente do desenvolvimento de competências. Afirma ainda que o próprio ser humano tem de competir contra a máquina e perceber o que é que traz de bem e de novo. E, aqui, desenvolver as competências pessoais, uma vez que é a inteligência emocional e o pensamento crítico que o distingue da máquina e que o vai tornar atraente para uma empresa.
Além destas visões, a conferência contou com outros especialistas, como Raquel Bilro da Microsoft, que defendeu o potencial da IA em auxiliar os utilizadores a melhorar a gestão das suas poupanças individuais. Sublinhou a existência de apps e softwares que promovem uma gestão mais eficiente dos gastos.
Este encontro na Universidade Católica, em parceria com a CATÓLICA-LISBON, evidenciou não só as oportunidades, mas também os riscos da integração da IA na gestão financeira. A discussão proporcionou um olhar multifacetado, equilibrando otimismo tecnológico com considerações éticas e humanistas, fundamentais num mundo cada vez mais digital.
Esta conferência decorreu no âmbito da World Investor Week.