Nas últimas semanas, explorámos três dimensões essenciais para um negócio responsável: Propósito Corporativo, Estratégia para Impacto e Liderança Responsável. Hoje, na edição final desta série, voltamos-nos para um pilar da transformação sustentável: a integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas na estratégia corporativa.
Por que integrar os ODS?
Os ODS não são apenas um chamado global à ação — são um quadro estratégico para resiliência, competitividade e inovação.
Empresas que incorporam os ODS na sua estratégia central:
· Criam valor de longo prazo, alinhando-se com megatendências globais (transição climática, mudanças demográficas, inclusão social).
· Atraem capital e talento, dado que investidores, colaboradores e consumidores exigem cada vez mais ações com propósito.
· Antecipam a regulação, já que diretivas de sustentabilidade europeias e globais estão progressivamente alinhadas com os ODS.
· Geram impacto sistémico, contribuindo para soluções aos desafios mais urgentes da sociedade.
O que os dados mostram O Relatório 2024 do Observatório dos ODS nas Empresas Portuguesas revela progressos claros na integração dos ODS nas estratégias corporativas em Portugal:
Grandes Empresas
· Integração: 82,8% integram os ODS na estratégia (67,2% em 2023).
· Alinhamento: 34,5% definem estratégias explicitamente em linha com os ODS (26,2% em 2023).
· Oportunidade de negócio: 87,9% veem os ODS como motor de oportunidade (78,7% em 2023).
· Tomada de decisão: 79,3% afirmam que os ODS estratégicos apoiam decisões (73,8% em 2023).
· Relatórios: 94% incluem os ODS nos relatórios de sustentabilidade, com 32% referindo metas específicas.
· Barreiras: O quadro dos ODS é muitas vezes percebido como distante da linguagem de negócios; frameworks ESG são vistos como mais práticos.
PMEs
· Integração: 40,1% integram os ODS (30,6% em 2023).
· Alinhamento: 6,8% definem a estratégia diretamente pelos ODS (1,9% em 2023).
· Oportunidade de negócio: 66,7% reconhecem os ODS como oportunidade (63,9% em 2023).
· Foco estratégico: 71,2% preferem selecionar ODS alinhados com estratégias existentes.
· Relatórios: Apenas 13,6% publicam relatórios de sustentabilidade.
· Barreiras: Falta de conhecimento para operacionalizar os ODS e recursos financeiros e humanos limitados.
Os dados confirmam que as empresas portuguesas estão cada vez mais alinhadas com os ODS. Grandes empresas lideram, enquanto as PMEs progridem mais lentamente. Contudo, a maioria reconhece os ODS como motor real de oportunidade de negócio. O desafio é transformar essa consciência em resultados mensuráveis, fazendo dos ODS não apenas um referencial, mas um catalisador de inovação e criação de valor a longo prazo.
Teste de Alinhamento: Onde está a sua empresa? Pontue a sua empresa de 0 a 3 em cada dimensão: foco, metas, governação, reporting, inovação e business case. O total indica:
· 0–5 pontos: Emergente – consciência existe, ação não é estratégica.
· 6–11 pontos: Em progresso – práticas existem, mas há lacunas.
· 12–15 pontos: Avançada – ODS integrados em governação, reporting e inovação.
· 16–18 pontos: Líder – Estratégia, cultura e modelos de negócio alinhados, influenciando o setor.
Como António Guterres lembra, vivemos a “Era do Aquecimento Global”. Apenas 16% das metas dos ODS estão atualmente no caminho certo para 2030. As empresas têm responsabilidade e oportunidade para acelerar esta agenda.
O desafio final: a sua empresa apenas referencia os ODS ou integra-os como motor de estratégia e inovação?
Transformemos ambição em ação.
Desejo uma semana excelente e com impacto!
Mafalda Sarmento, Consultora e Investigadora no CRBL Sustainability Officer, CATÓLICA-LISBON