No âmbito do The Lisbon MBA, e inserido no programa Action Learning, foi desenvolvido um projeto de consultoria sobre um dos temas empresariais mais prementes da atualidade: o ESG (Environmental, Social and Governance). Em concreto, foi realizada uma avaliação para uma grande empresa portuguesa sobre a futura Diretiva de Diligência Devida em Sustentabilidade Empresarial (CSDDD – Corporate Sustainability Due Diligence Directive), também conhecida como a diretiva europeia de diligência devida.
A CSDDD é uma iniciativa legislativa europeia que visa assegurar que as empresas assumam responsabilidade tanto pelos seus impactos ambientais como pelas suas práticas de direitos humanos, abrangendo toda a sua operação e cadeias de fornecimento. No plano ambiental, a diretiva enfatiza a necessidade de reduzir os danos ao planeta — prevenindo a poluição, combatendo as alterações climáticas e protegendo a biodiversidade. No plano social, exige que as empresas garantam práticas laborais justas, previnam o trabalho infantil e forçado, e respeitem os direitos humanos fundamentais — não apenas nas suas próprias operações, mas também entre os seus fornecedores e parceiros de negócio.
Embora ainda em fase de negociação a nível da União Europeia, a ambição da diretiva é clara: espera-se que as empresas integrem a diligência devida em sustentabilidade e direitos humanos na sua estratégia, governação e reporte. As implicações são profundas — as empresas terão de monitorizar e gerir riscos em cadeias de valor globais complexas, uma tarefa que exige preparação, recursos e coordenação significativos.
O projeto de consultoria revelou o quão exigente e transformadora esta diretiva será. Um dos principais desafios reside na gestão dos fornecedores e na obtenção de visibilidade total sobre cadeias de fornecimento alargadas. Isto implica ir além da conformidade e construir sistemas sólidos de identificação, monitorização e mitigação de riscos. Muitas organizações ainda não estão preparadas para este nível de supervisão — razão pela qual começar cedo é essencial. Apesar das incertezas políticas em torno da sua aprovação, é evidente que as empresas não podem dar-se ao luxo de esperar.
Para apoiar a preparação da empresa, foi desenvolvido um roteiro de ação. O trabalho começou com uma análise detalhada do texto da CSDDD e com um benchmark de boas práticas em diferentes setores. Seguiu-se uma avaliação de risco dos fornecedores, com o objetivo de identificar vulnerabilidades potenciais na cadeia de valor. Com base nesta análise, foi delineada uma abordagem faseada para ajudar a empresa a alinhar-se progressivamente com a diretiva — desde a revisão de estruturas de governação e políticas internas até ao envolvimento de fornecedores e à implementação de ferramentas de monitorização.
Esta experiência demonstrou que, embora complexa, a diretiva desempenha um papel crucial na construção de um ambiente empresarial mais responsável. Cria as condições para que as empresas abordem não só a sua pegada ambiental, mas também as suas responsabilidades sociais, garantindo que o progresso vá além do desempenho financeiro.
Em suma, ainda que a CSDDD não esteja finalizada, a sua direção é inequívoca e a necessidade de ação é inegável. Preparar-se antecipadamente permitirá às empresas adaptar-se de forma mais fluida, proteger a sua reputação e contribuir para os objetivos mais amplos de proteção do planeta e dos direitos humanos. Para os estudantes do MBA, este projeto representou não apenas uma experiência de aprendizagem valiosa, mas também um lembrete significativo do papel que as empresas podem — e devem — desempenhar na construção de um futuro mais sustentável e justo.
E aqui fica a verdadeira provocação: se as empresas já reconhecem a importância de proteger os direitos humanos e o ambiente, porque esperam que uma diretiva as obrigue a mudar?
Desejamos uma semana excelente e com impacto!
Catarina Martins & Simão Oom de Sousa Estudantes do The Lisbon MBA