Em declarações à TSF, Sérgio Cardoso, administrador da academia Doutor Finanças, a falta de literacia financeira dos portugueses é um entrave ao investimento, assim como o baixo nível de rendimentos da maioria da população.
Os portugueses "continuam com receio" de fazer investimentos financeiros. Esta é uma das conclusões de um barómetro que o portal Doutor Finanças apresenta esta sexta-feira. O documento, desenvolvido em conjunto com a Universidade Católica, indica que seis em cada dez portugueses não fazem ainda qualquer tipo de investimento. Ouvido pela TSF, Sérgio Cardoso, administrador da academia Doutor Finanças, nota que, mesmo entre quem investe, há um certo receio, optando-se, quase sempre, por abordagens conservadoras.
"Estamos numa altura com muito mais informação, muito mais produtos disponíveis, muito mais canais e formas que as pessoas têm para investir e, mesmo assim, os portugueses não descolam no que diz respeito a hábitos de investimento. Continuam com o receio de investir. O perfil do investidor português é um investidor muito conservador, investe para não perder, em vez de investir para ganhar, que é uma abordagem diferente, e é um investidor que tem muito pouca confiança", explica à TSF Sérgio Cardoso, sublinhando que, quem investe, "prefere produtos mais habituais e seguros, como depósitos a prazo, certificados de aforro e PPR".
A falta de literacia financeira dos portugueses é um entrave ao investimento, assim como o baixo nível de rendimentos da maioria da população. O administrador da academia Doutor Finanças destaca ainda a falta de confiança em investir. Sérgio Cardoso assinala que este é um cenário que deve ser alterado e argumenta que investir em produtos financeiros deve fazer parte do modo de vida dos portugueses. E deixa alguns conselhos.
"Têm de encarar os investimentos como uma parte fundamental da sua vida financeira. Ou seja, têm de perceber que, tal como poupar, investir tem de fazer parte das suas preocupações. Depois, têm de repensar o porquê de estar a investir, para que quer o investimento, qual é o objetivo, se é para a reforma, se é para uma casa. Depois, pensar para quando quer este investimento, qual é o período. E depois perceber que produtos é que existem. E, a seguir a isto, fazer a sua pesquisa, procurar ajuda junto de profissionais, para poder construir uma carteira que faça sentido", refere, acrescentando que "um dos desafios dos portugueses é a confiança ou a falta dela e a confiança só se conquista se formos devagarinho".
O barómetro do Doutor Finanças indica ainda que o perfil do investidor português passa por pessoas com maior formação académica, rendimentos mais elevados e com uma idade mais próxima da reforma. Para a elaboração deste estudo, foram inquiridas 701 pessoas, com idades entre os 18 e 65 anos.