O que estava planeado
Na sexta-feira passada, encerrou-se a Reunião Anual de 2025 do Fórum Económico Mundial (WEF) – o principal centro de debates sobre a economia global –, realizada em Davos, Suíça, entre os dias 20 e 24 de janeiro.
A missão do WEF, de "reunir governos, empresas e sociedade civil para melhorar o estado do mundo", foi reforçada este ano, contando com cerca de 3.000 participantes de mais de 130 países, incluindo mais de 50 chefes de Estado e de governo, além de centenas de líderes governamentais de alto nível, que discutiram em torno do tema "Colaboração para a Era Inteligente".
A inspiração para este tema central surgiu a partir dos resultados do Relatório de Perceção dos Riscos Globais 2024-2025 (GRPS), publicado pelo WEF. Este relatório apresenta os dez riscos globais mais graves ("evento ou condição que, caso ocorra, terá um impacto negativo significativo sobre uma proporção relevante do PIB global, da população ou dos recursos naturais", p. 5) no curto prazo (2 anos) e no longo prazo (10 anos), conforme ilustrado na imagem abaixo:
Para explorar o tema central, o programa foi estruturado em cinco tópicos interligados:
Reconstruir a confiança: Como podem as partes interessadas encontrar novas formas de colaborar em soluções, tanto internacionalmente como dentro das sociedades?
- Reimaginar o crescimento: Como podemos identificar novas fontes de crescimento nesta nova economia global?
- Investir nas pessoas: Como podem os setores público e privado investir no desenvolvimento do capital humano e em empregos de qualidade que contribuam para uma sociedade moderna e resiliente?
- Proteger o planeta: Como podemos impulsionar ações relacionadas com energia, clima e natureza através de parcerias inovadoras, maior financiamento e aplicação de tecnologias de ponta?
- Indústrias na Era Inteligente: Como podem os líderes empresariais equilibrar os objetivos de curto prazo com as necessidades de transformação a longo prazo dos seus setores?
Antecipando a reunião, foram também publicados três relatórios de grande relevância:
- Global Cooperation Barometer 2025 (2.ª edição), que conclui que "os níveis globais de cooperação estagnaram, mas ainda existem áreas de colaboração".
- The Future of Jobs Report 2025, que destaca a necessidade urgente de requalificação da força de trabalho global, prevendo-se a criação de 170 milhões de novos empregos até 2030, mas também a deslocação de mais de 92 milhões de trabalhadores.
- Global Cybersecurity Outlook Report 2025, que identificou que a crescente complexidade do ciberespaço está a ampliar desigualdades e a aumentar disparidades entre grandes e pequenas organizações, economias desenvolvidas e emergentes, e diferentes setores.
O que aconteceu
Considerando os conflitos no Médio Oriente e a invasão da Ucrânia pela Rússia, a geopolítica foi um dos temas de maior destaque no fórum deste ano. Houve análises contrastantes sobre a direção da economia global, com perspetivas favoráveis à economia dos EUA e menos otimistas em relação à Europa. Alguns líderes, no entanto, enfatizaram os valores da União Europeia como um ponto forte para o bloco.
Com a confirmação científica de que 2024 foi o ano mais quente já registado no planeta, e face aos recentes eventos climáticos extremos, as questões ambientais também ocuparam um papel central. Foram discutidas as emissões de gases com efeito de estufa e a segurança energética versus a transição energética. Os líderes rejeitaram a dicotomia entre estas prioridades, afirmando que ambas podem ser perseguidas em paralelo.
Tarifas, dívida e inflação foram palavras-chave nas discussões sobre crescimento económico e finanças. Entre os temas abordados, destacaram-se: o papel do dólar como principal moeda de reserva mundial e as perspetivas para o seu futuro; o impacto das criptomoedas na transformação do sistema financeiro; e o risco de complacência face aos níveis de dívida e inflação.
De acordo com o The Future of Jobs Report 2025, 39% das competências atuais serão transformadas ou tornar-se-ão obsoletas nos próximos cinco anos. Neste contexto, discutiu-se a necessidade de reduzir a desigualdade de género na saúde, na política e na economia, bem como a inclusão dos jovens no mercado de trabalho e a preparação dos trabalhadores para interagir com a IA.
Como a "Era Inteligente" foi o tema central do fórum, veículos elétricos, cibersegurança, fábricas inteligentes e as implicações da IA para governos e segurança nacional foram foco de várias sessões. Discutiu-se, sobretudo, a infraestrutura necessária para suportar modelos de IA cada vez mais complexos.
O primeiro dia do fórum coincidiu ainda com a tomada de posse do Presidente dos EUA, Donald Trump. As suas recentes políticas geraram reflexões sobre o impacto do seu regresso ao poder no comércio, na tecnologia e no cenário geopolítico global.
No seu discurso, o fundador do Fórum, Klaus Schwab, enfatizou:
"Ao abraçar um otimismo construtivo, podemos moldar a Era Inteligente como um tempo em que cada ser humano possa alcançar o seu pleno potencial."
Conclusão
O Fórum Económico Mundial 2025 reafirmou a necessidade de colaboração global e do uso da inovação e cooperação para construir um futuro resiliente, inclusivo e sustentável. Após tantas reflexões e ideias valiosas, cabe agora aos governos, líderes empresariais e à sociedade civil transformá-las em ações concretas para moldar um mundo melhor.
Tenha uma excelente semana, cheia de impacto!
Adriana Zani
Investigadora
Center for Responsible Business & Leadership