O grupo de estudos económicos da Católica aponta para taxas de crescimento significativamente inferiores às antecipadas pelo Governo no seu cenário macro, apesar de reconhecer bastante volatilidade nas previsões.
A economia portuguesa deverá estar a operar a cerca de 95,6% do nível do 4º trimestre de 2019, estima o NECEP, o grupo de estudos e previsões económicas do Centro de Estudos Aplicados da Católica Lisbon School of Business and Economics. No seu documento trimestral de conjuntura, que foi divulgado esta quarta-feira, o grupo antecipa um crescimento de 3,7% em 2021, uma melhoria de 0,2 pontos percentuais (p.p.) em relação ao anteriormente estimado em julho.
No terceiro trimestre, o grupo estima que a economia tenha atingido um crescimento de 1,5% em cadeia ou 2,9% em termos homólogos.
Ainda assim, a estimativa de crescimento para 2021 é fortemente afetada por uma série de riscos, com o NECEP a admitir que o resultado final pode variar “entre 3,2% e 4,2%, em função da intensidade das limitações à atividade económica e da dimensão do apoio orçamental às empresas e famílias mais afetadas pela crise”, lê-se no relatório.
Além dos riscos associados com a situação pandémica, o grupo relembra que “o resto do ano deverá ser influenciado pelo efeito combinado da intensidade das restrições à atividade económica em Portugal e na Europa, mas também da economia internacional com sinais de abrandamento oriundos dos Estados Unidos, da China e da zona euro”, pelo que a incerteza é ainda assinalável.
Para 2022, a expectativa é que a economia chegue aos 99% do nível de atividade que mostrava no final de 2019 à boleia de um crescimento de 4,3%.
Ambos os cenários ficam consideravelmente abaixo das previsões do Governo, que colocam o crescimento em 2021 nos 4,8% e de 5,5% em 2022.
A partir de 2022, o NECEP estima que o crescimento português estabilize em torno dos 2%, prevendo um regresso às medidas de consolidação orçamental já a partir daquele ano. Para o desemprego, e reconhecendo a volatilidade do indicador, o grupo aponta para um cenário ancorado nos 6,7% este ano e de 6,2% em 2022, não descartando, no entanto, “aumentos temporários no desemprego relacionados com o ajustamento do mercado de trabalho após a forte intervenção pública a que foi sujeito”.
No que respeita à inflação, o grupo de trabalho da Católica antevê alguma contaminação em Portugal pelas tensões inflacionárias sentidas nalgumas economias desenvolvidas, nomeadamente nos EUA. Assim, para o final deste ano a expectativa é de uma inflação de 1,0%, um valor que sobe para os 1,3% em 2022.