 
Pedro Figueiredo 
Alumnus de Gestão e Administração de Empresas 2010-14
 
Depois de ter terminado o curso de Gestão ingressei, em 2014, no Seminário maior de Caparide, arriscando aquilo que sentia ser um "chamamento", uma vocação a ser padre.
O que o levou a seguir um caminho diferente?
Foi inesperado, na realidade. Quando entrei na Universidade Católica, nem era católico praticante. Depois de uma Missão País em Fevereiro de 2011 comecei a frequentar a capelania da universidade, assim como uma paróquia no centro de Lisboa. Mas foi muito mais do que isso. Foi a experiência de começar uma grande busca pelo sentido da vida, que encontrei em Jesus Cristo. A seriedade do caminho fez-me conhecer a Igreja numa dimensão mais alargada. Depois de muitas experiências de peregrinações, missões e crescimento na fé, acabei por me apaixonar pela Igreja Católica e comecei a vislumbrar a possibilidade de me entregar todo a Deus, deste modo. Os desafios do percurso académico continuaram e puseram-me à prova em todos os sentidos: amadurecimento humano, psicológico, intelectual e espiritual. O caminho foi-se trilhando criando uma perspectiva de vida completamente nova. De grandes saídas à noite e um estilo de vida mais "boémio", comecei a rezar, a frequentar a Igreja, a ir à missa e a pregar a importância da oração do terço. Foi absolutamente apaixonante. Enquanto estudava mudei substancialmente o estilo de vida. A reação dos meus pais à conversão ao catolicismo foi boa da parte da mãe e má da parte do pai. Depois, aquando da entrada no Seminário Maior foi boa de ambas as partes. Claro que a minha mãe não achou tanta graça a uma saída de casa tão cedo. Ou seja, os papeis inverteram-se um pouco. Quase todos os meus amigos ficaram super entusiasmados por perceberem que era o que me fazia mais feliz e, acima de tudo, muitos percebiam este chamamento a uma vocação de padre. Os obstáculos foram muitos. É um risco, ir para o seminário. Porque tudo pode correr bem, ou não. Ajudou-me muito a comunidade que tinha a apoiar-me tanto na universidade como na paróquia. E, acima de tudo, a família que sempre me apoiou mesmo quando não compreendia tão bem.
O seu “Lado C” Hoje
Actualmente foram-me confiadas três missões: vigário-paroquial de duas paróquias nos Olivais e capelão do Hospital CUF Descobertas. No dia-a-dia tenho os desafios de uma paróquia de cidade com uma boa quantidade de crianças na catequese, dois grupos de jovens (um com cerca de 50 miúdos, outro com 15), acompanho também a pastoral juvenil do conjunto de paróquias aqui à volta, onde desenvolvemos - sensivelmente - uma actividade por mês. Tenho os desafios do dia-a-dia de duas páróquias com cerca de 20 mil habitantes: baptismos, funerais e sacramentos (missas e confissões, essencialmente). Acompanhamento de equipas de casais, agrupamento de escuteiros, grupos de oração e vida cristã paroquiais (são muitos), organização de peregrinações e noites de oração, etc. Para além disto tudo tenho, também, o desafio de ser capelão dum hospital por onde passam cerca de 5 mil pessoas por dia. Desde o acompanhamento de profissionais de saúde até ao cuidado próximo com os doentes e suas famílias que, por razões evidentes, passam por momentos de maior fragilidade e vulnerabilidade. Neste hospital temos, também, muitos nascimentos de bebés. E algumas famílias pedem a bênção pré e pós parto.
A minha experiência na Católica foi determinante porque foi graças à Universidade que a fé que recebi se desenvolveu e o grande grupo de amigos se criou.
O impacto que sinto que estou a gerar é absolutamente brutal, muito maior do que alguma vez pensei. Não por ser eu, mas por ser sinal de Deus na vida das pessoas. Todos os dias me dou conta da grandeza que me passa pelas mãos, seja porque as pessoas me confiam o que mais de íntimo e vulnerável há nelas, seja porque aquilo que lhes transmito é a eternidade. É algo que não depende absolutamente de mim. Do meu lado, basta a presença, e Jesus faz o resto pelas minhas mãos.
Reflexão final
Resiliência, acima de tudo. Devo confessar que, por volta de 2012 os meus interesses tinham-se modificado em absoluto. Fui, então, conversar com o capelão da Universidade, na altura. E disse-lhe que queria ir para o Seminário. Ele respondeu-me, e bem, desarmando-me totalmente: "muito bem, já percebi que queres ir para o Seminário. Mas será essa a vontade de Deus, para ti, já? Já pensaste em perguntar isso na oração, a Jesus Cristo?" E depois deste murro no estômago, decidi fazê-lo. E logo me apercebi que precisava de terminar um curso que me custava tanto. Porque era difícil, e porque os meus interesses estavam noutras matérias. Isto tornou-se fundamental para crescer como pessoa na maturidade humana que precisava de ser desenvolvida.