Nuno Fernandes, diretor da faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica, diz que em Portugal faltam competências de gestão para transformar em resultados os recursos que existem no país.
Portugal tem estado a perder competitividade nos últimos 15 anos.” A afirmação foi proferida pelo diretor da Catolica Lisbon School of Business and Economics (Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica), durante a conferência “Portugal em Exame”, esta segunda-feira, em Lisboa.
O motivo para esta perda de competitividade? “Temos ótimos recursos, nos inputs somos ótimos, mas faltam resultados”, explicou Nuno Fernandes. E exemplificou: Portugal tem bons níveis de educação, infraestruturas, tecnologia, “onde tem problemas é no output [resultado]”. Ou seja: ao nível da diversificação da economia, no tipo e no valor das exportações, na qualidade das pequenas e médias empresas (PME) e na capacidade das empresas trabalharem em cadeias de valor internacionais ainda há um longo caminho a percorrer, defende.
Isto porque, entre os recursos e os resultados, falta ao país uma componente importante: gestão. “Falta formação para a melhoria das competências, competências de gestão global e falta meritocracia, que passa pela ambição e governo das empresas”, especifica, acrescentando que um dos grandes problemas das empresas em Portugal está relacionado com o facto de estas “desviarem o foco em função de grupos de interesse”.
FUTURO DE PORTUGAL ESTÁ NA “GOLDEN GENERATION”
Para o diretor da Catolica Lisbon, o futuro está na “golden generation”. Mas alerta para o facto de Portugal não conseguir reter talentos. “Temos universidades muito boas e a geração melhor formada de sempre, mas esta vai para fora de Portugal.”
Foi na sequência desta constatação que convidou três estudantes, a terminar o mestrado na universidade que dirige, para darem testemunho daquilo que os motiva a procurar emprego fora de Portugal. Salário, experiência global e equilíbrio entre a vida profissional e pessoal foram três dos motivos apresentados.
“As empresas foram progredindo com muito pouca meritocracia. Depois chegaram as gerações novas e depararam-se com poucas oportunidades de progressão”, evidencia Nuno Fernandes, sublinhando que o conflito intergeracional não existe apenas ao nível do Estado (como foi discutido no painel anterior, a propósito da Segurança Social), mas também dentro de cada empresa.
Este é um conflito que, para o diretor, deve levar as empresas a colocarem a seguinte questão: “Quero preparar a minha empresa para o passado ou para o futuro?”